Artes visuais

Efe Godoy cria seres híbridos para morar nos jardins do Museu da Pampulha

Capivara de cabelo rosa e sapo com cabeça de flor estão entre as obras da exposição 'Poemas fantásticos para jardins', que será aberta neste sábado (13/9)

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Fechado desde 2019 para reforma, o Museu de Arte da Pampulha (MAP) se tornou, nos últimos meses, uma espécie de segunda casa para a artista, performer e poeta Efe Godoy. Convidada a desenvolver instalação inédita para o espaço, ela transformou o museu em ateliê e criou as obras de “Poemas fantásticos para jardins”, mostra que será aberta neste sábado (13/9) e segue em cartaz até novembro. As peças serão exibidas no jardim projetado por Burle Marx, a única área do MAP não afetada pela reforma.

Com esculturas de madeira coloridas em aquarela, Efe propõe a construção de um novo mundo inspirado no realismo fantástico de Murilo Rubião (1916-1991). Tal como Teleco, o coelho do conto do escritor mineiro que assume novas formas à medida que o tempo passa, cada obra de Efe se transforma constantemente, resultado do hibridismo entre figuras convencionais.

Artista Efe Godoy sorri, diante dos jardins de Burle Marx no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte
Na exposição de Efe Godoy, jardins de Burle Marx dialogam com o universo fantástico do escritor mineiro Murilo Rubião Verônica Manevy/divulgação

Em algumas peças, Efe combina a silhueta de uma tartaruga com as folhas de coração-magoado, criando seres que têm corpo de quelônio e cabeça de planta. Em outra escultura, constrói um sapo cuja cabeça é substituída por flores que lembram tulipas. Comuns na área da lagoa, as capivaras também se fazem presentes.

A artista se inspirou em bichos e plantas encontrados na região da Pampulha. “Tudo é muito mais interessante quando está misturado, né?”, provoca Efe. “Esse hibridismo, ou misturas da natureza, como eu chamo, já se tornou quase a marca do meu trabalho. Sinto que transparece também no meu próprio ser, na minha existência e na minha vida, me afirmando como mulher trans”, afirma.

Vento artista

O hibridismo está tão ligado a Efe que se impõe à criação dela mesmo de forma involuntária. Em “Poemas fantásticos para jardins”, as condições naturais, sobretudo o vento, deram novas formas às esculturas, transformando completamente a composição original planejada.

O que antes seriam peças estáticas se tornou uma espécie de catavento, que vai dando origem a novas formas sempre que se movimenta. Efe escreveu versos nas esculturas, de modo que cada mudança de posição cria novo poema.

“O movimento é o conceito da exposição e conversa muito com a poesia em si, que muitas vezes funciona como um oráculo. Por isso decidi escrever os versos atrás de cada peça”, explica.

As 10 esculturas imprimem um caráter surrealista ao jardim de Burle Marx. Em outra instalação, 12 kg de cabelo rosa (a mesma cor do cabelo da artista) transbordam de um pequeno lago. Com o “transbordamento” de um elemento orgânico e pessoal em meio à natureza, Efe cria imagem que desafia a lógica, brincando com contrastes e deslocamentos.

O cabelo parece vivo, sugerindo movimento e mutação, enquanto a cor vibrante reforça a presença da própria Efe e sua cabeleira cor-de-rosa no espaço, funcionando como assinatura poética.

“Poemas fantásticos para jardins” dialoga com a paisagem de Burle Marx, mas sem se submeter a ela. O hibridismo das esculturas e o transbordamento do cabelo evocam excesso, emoção e subjetividade, deslocando elementos pessoais para o espaço público do jardim e convidando o espectador a repensar o que corpo, objeto e paisagem representam.

Peixe-planta

Neste sábado (13/9), às 10h, Efe Godoy apresentará a performance “Quando um peixe-planta me ensinou a dançar”. No intuito de criar uma experiência imersiva e participativa, assim como as obras da exposição convidam o espectador a formar sua própria poesia em movimento, a artista vai dançar, convidando o público a interagir com o espaço e as criações ali expostas.

“POEMAS FANTÁSTICOS PARA JARDINS”

Exposição de Efe Godoy. Abertura neste sábado (13/9), às 10h, no jardim do Museu de Arte da Pampulha (Av. Otacílio Negrão de Lima, 16.585, Pampulha). Em cartaz até 2 de novembro, diariamente, das 9h às 18h. Entrada franca.

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