Ana Cañas faz show autoral em BH, mas também canta Belchior e Rita Lee
Artista sobe ao palco do Sesc Palladium, neste sábado (13/9), com "Vida real". Repertório traz Nando Reis e Renato Russo
compartilhe
Siga noApós levar a história e a música de Belchior (1946-2017) a mais de 180 shows, durante cerca de dois anos, Ana Cañas assume o protagonismo artístico na turnê “Vida real”. O repertório do novo disco autoral será apresentado neste sábado (13/9), às 21h, no Sesc Palladium. “Belchior me contou a história dele e eu decidi contar a minha”, diz a cantora.
Leia Mais
O show, que estreou em maio deste ano, traz as principais músicas do álbum que marca a volta da artista à criação autoral, após sete anos. A inspiração para as novas composições foi clara: tudo que ela viveu ao lançar o disco “Ana Cañas canta Belchior”, em 2021.
“Vivi mesmo Belchior, porque não foi um tributo qualquer. A gente fez 180 shows. Foi uma relação intrínseca com a obra dele, com as letras, com o pensamento e a filosofia, mesmo metafísica, do Belchior. Isso teve reverberação no meu jeito de pensar música e de escrever canções”, explica a cantora.
Entre os estados visitados pela turnê anterior, Minas Gerais foi o segundo que mais recebeu apresentações, ficando atrás apenas de São Paulo.
Intimidade revelada
Belchior escrevia canções autobiográficas, como fez em “Paralelas”, “Divina comédia humana” e, sobretudo, “Fotografia 3x4”, em que conta sua trajetória do Ceará até conquistar a vida no Sudeste. Em “Vida real”, disco produzido por 14 meses, Ana Cañas compôs 10 das 11 faixas, à exceção da regravação de “O que eu só vejo em você”, ao lado de Nando Reis.
As novas canções abordam assuntos íntimos, como a morte do irmão, em 2013, e as dificuldades que passou no início da carreira, como a falta de comida, o trabalho precário e a moradia em um pensionato dividido com profissionais do sexo.
Ana Cañas questiona o porquê de não ter contado essas histórias antes. “Depois da inspiração em Belchior, fiquei me perguntando por que levei tanto tempo para falar sobre essas coisas, se eu tinha alguma vergonha disso. É interessante pensar que já tinha 15 anos de carreira e nunca havia falado publicamente das dificuldades que passei lá no começo. É uma história que levei muito tempo para ter coragem de contar”, comenta a artista.
O processo foi natural e está diretamente ligado ao amadurecimento de Ana. A artista, que tem o verso “Eu sou como você que me ouve agora” (de “Fotografia 3 x 4”) tatuado no braço, acredita que abrir sua intimidade foi um caminho para se conectar ainda mais com o público.
“É como diz Patti Smith: ‘Todo mundo um dia vai se apaixonar, todo mundo um dia vai tomar um pé na bunda, todo mundo um dia vai perder alguém que ama da família, um animalzinho que seja’”, afirma.
“Claro que tem questões estruturais que são sempre apontadas nas vivências de cada grupo social. Ser mulher ou ser homem, por exemplo, são experiências completamente distintas. Mas é muito interessante esses pontos de comunicação em que pensam: ‘Ah, essa dor eu conheço, essa alegria eu também conheço. Já amei uma vez’. Fui encontrando o lugar em que a música permite você falar de uma coisa íntima sua e atingir o todo”, completa a cantora.
Parceria com Ney
No novo disco, a maioria dos arranjos foi construída com violão, para assemelhar as gravações ao processo de composição da artista.
No palco, porém, as faixas ganham novas formas. Algumas mantêm o estilo do disco, outras aparecem aceleradas ou apresentadas sem banda.
O repertório inclui as faixas inéditas de “Vida real”, como “Quero um love”, “Esconderijo” e “Derreti”, em parceria com Ney Matogrosso. Além disso, há canções de Belchior, Rita Lee, Nando Reis, Renato Russo e Raul Seixas. “Sou metade compositora, metade intérprete”, finaliza Ana Cañas.
“VIDA REAL”
Show de Ana Cañas. Neste sábado (13/9), às 21h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Inteira: R$ 160 (plateia 1), R$ 140 (plateia 2) e R$ 130 (plateia 3), à venda na plataforma Sympla e na bilheteria local. Meia-entrada na forma da lei.
OUTRO SHOW
>>> Iaiá Drumond
A cantora e compositora Iaiá Drumond apresenta o show do disco “Acende o candeeiro”, no qual faz homenagem à capoeira, neste domingo (14/9), às 19h, no Teatro Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60 – Santa Efigênia). O segundo álbum individual da artista conta com sete faixas autorais, gravadas em parceria com o Arcomusical Brasil, grupo formado por cinco berimbaus. Outros parceiros são Sérgio Pererê, Marquim D’Morais, Militani de Souza e Léo Garcia, além das participações especiais de Tamara Franklin e Júlia Tizumba. Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia), à venda pelo Sympla e na bilheteria local.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro