Com ‘Sessions 2’, Os Garotin afinam sua identidade artística
EP do grupo fluminense que acumula três indicações e uma vitória no Grammy Latino reúne cinco faixas inéditas e traz arranjos mais elaborados
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Em seu mais novo lançamento, o EP “Sessions 2”, o trio de São Gonçalo Os Garotin não chuta longe do gol. Depois da estreia com a qual conquistaram reconhecimento nacional, eles voltam a apostar no formato que os revelou, revisitando o modelo de live session adotado em 2023, quando surgiram.
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O diferencial agora é que o grupo se apresenta com mais maturidade artística, arranjos mais elaborados e novas camadas sonoras, incluindo um naipe de metais. Dessa vez, também adotam para si a alcunha bem-humorada de “boyband de MPB”. Atualmente, o trio está na trilha sonora de “Vale tudo” (Globo) com “Nossa resenha”, música lançada em parceria com Caetano Veloso.
Com cinco faixas inéditas, o EP chega acompanhado de um registro ao vivo já disponível nas plataformas digitais. A estrutura repete a da estreia: duas músicas em conjunto e uma solo de cada integrante, uma vez que todos mantêm carreiras individuais.
As faixas coletivas – “Simples assim” e “Calor e arrepio” – devem integrar o próximo álbum de estúdio, previsto para 2026. Já as individuais revelam diferentes facetas de cada artista. Anchietx aparece mais sensual em “Maldade”, Leo Guima aposta no carisma de sempre em “Coração de lata”, e Cupertino fecha com a introspectiva “Força bruta”, guiada por voz e violão.
Primeiro álbum
O novo trabalho começou a ser desenhado logo após o lançamento do primeiro álbum, “Os Garotin de São Gonçalo”, no início de 2024. A proximidade entre os projetos deu coesão às sonoridades, já que as músicas foram compostas quase em paralelo. “Quando saiu o primeiro disco, a gente já estava começando a compor esse EP de agora. As músicas têm uma energia semelhante porque nasceram próximas”, aponta Anchietx.
Se no início o trio ainda buscava compreender quem eram como artistas, agora o cenário é outro. Eles reconhecem que ganharam experiência, confiança de palco e clareza estética. A evolução pode ser sentida não apenas nos arranjos, mas também no figurino e na postura diante das câmeras.
“O que a gente trouxe de novo é o que a gente tem de experiência. No ‘Session 1’ a gente não tinha noção ainda do que era como artista, quem ia gostar da gente, se aquilo ia dar em alguma coisa… Agora temos muito mais noção do que a gente é. Essa é a principal mudança”, comenta Leo Guima.
Com Anchietx vindo do R&B e do rap, Cupertino da MPB e Leo Guima da soul music, o encontro dos três poderia soar improvável à primeira vista, mas encontra sustentação na amizade. “Nossa amizade é muito sincera. Nosso trabalho se embasou nisso, não o contrário. O sorriso que damos um para o outro no palco e a vontade de ver o outro brilhar são raros e nos diferenciam”, afirma Guima.
Processo criativo
No processo criativo, a coletividade também é central. Embora cada integrante assuma as rédeas em suas faixas solo, as músicas conjuntas costumam nascer de encontros entre os três. “Cada um tem um papel importante, todo mundo participa de tudo. É bem natural”, diz Leo, o caçula do grupo, atualmente com 26 anos.
A produção do “Sessions 2” ficou novamente a cargo de Julio Raposo, parceiro desde o primeiro projeto do grupo. “Ter um grande produtor que entende bem o artista é crucial”, comenta Leo. “O Julio foi muito importante para dar uma roupagem na gente”, diz.
Leo Guima admite que existe também uma leve pressão para repetir o sucesso dos primeiros trabalhos. A faixa “Zero a cem”, do primeiro álbum, ultrapassa 23 milhões de reproduções somente no Spotify.
“Não vou negar que, depois do boom, você fica pensando: será que vai ter alguma música com esse boom de novo? Ou mais? Sendo que, na verdade, a gente entende que cada vez mais é preciso construir uma base, construir um público que gosta de você e vai no seu show. Não necessariamente um artista com milhões de views enche uma casa importante. Então a gente trabalha muito isso da base. A pressão de ter outra música com sucesso estrondoso não atrapalha”, afirma.
Com “Sessions 2”, Os Garotin consolidam uma trajetória que começou de forma despretensiosa, mas rapidamente os levou a palcos de destaque, três indicações ao Grammy Latino e uma consagração como Melhor Álbum Pop Contemporâneo de 2024. Dois meses antes do prêmio, no Festival Sarará, o trio fez bonito no maior show da carreira até agora, em Belo Horizonte. Aos pés da Serra do Curral, deixaram o palco sob os gritos do público de “Os Garotin! Os Garotin!”. Os cariocas em breve entram em turnê e devem passar por Belo Horizonte ainda neste ano.
“Nosso forte é o palco. É onde conseguimos brilhar mais, porque começamos assim, cantando para as pessoas cara a cara, no calor do ao vivo”, conta Guima, recordando os primeiros passos da carreira do trio, cada um com sua formação musical, mas todos ligados à igreja. O novo EP traz um trio que segue construindo carreira passo a passo, mirando longe e com desejo de longevidade. “Queremos uma carreira longa, que dure muitos anos e, para isso, precisamos criar um alicerce bem forte”, diz Leo Guima.
“SESSIONS 2”
• EP de Os Garotin
• 5 faixas
• Já disponível nas plataformas