Literatura

Poeta Leo Gonçalves lança o livro 'Marselhesa para sangues impuros'

Sessão de autógrafos está marcada para esta sexta-feira (12/9), no Território Kitutu de Aquilombamento, com a presença de Ricardo Aleixo

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 Com reflexões sobre o mundo colonizado, o livro “Marselhesa para sangues impuros”, do poeta Leo Gonçalves, será lançado nesta sexta-feira (12/9), às 19h, no Território Kitutu de Aquilombamento, no Centro de BH. A sessão de autógrafos terá bate-papo do autor com o poeta, performer e artista visual Ricardo Aleixo.

“Existem muitas formas de falar sobre poesia. Às vezes somos levados a comentar o conteúdo dos poemas e, no fundo, todo poema é uma desculpa para fazer a poesia acontecer de alguma forma. De todo modo, este livro nasce um pouco do sentimento de solidariedade e percepção, inclusive de mim, da minha trajetória, sobre como estar em um mundo colonizado, um mundo que se estrutura dentro do princípio da colonização”, afirma Leo Gonçalves.

O escritor diz que sua observação do mundo vem de pesquisas sobre a questão colonial, de suas experiências pessoais e dos debates dos quais participa.

“Observo a questão em vários campos da vida. Como penso a poesia para todas as coisas e transformo quase tudo o que faço em alguma forma de ritmo, quis fazer um livro de poemas que reunisse o sentimento de anticolonialidade”, afirma.

Professor de francês há cerca de 20 anos, Gonçalves afirma ter grande simpatia pelos países colonizados pela França. O título de seu livro espelha essa conexão e se refere também ao hino francês “A Marselhesa”, escrito em 1792 por Claude Joseph Rouget de Lisle, um soldado de 31 anos e violinista amador.

Resistência

A canção de Lisle se tornou símbolo de resistência durante a Revolução Francesa e foi oficializada como hino nacional em 1879. De acordo com Leo, ele traz um verso visto como controverso pelos franceses: “Às armas cidadãos! Formai vossos batalhões! Marchemos, marchemos! Que um sangue impuro ague o nosso arado.”

“No caso do hino, o autor não pensava precisamente no sangue das pessoas que hoje, dentro de contextos coloniais, ficam fora da Europa, do que é o sentido europeu. Não era exatamente uma questão racista naquele contexto”, observa. Aquela pessoa e o sangue impuro remetiam à guerra que ocorria na Europa, explica.

Leo destaca que, com o passar dos anos, as interpretações do hino francês foram tomando diferentes formas, considerando-se, especialmente, a evolução de teorias raciais e do racismo.

“O contexto do mundo de hoje acaba misturando sentimentos. Cada época adapta sua leitura de um jeito. Hoje, o sangue impuro pode ser perfeitamente lido como os o de imigrantes que chegam atualmente à Europa e estão se transformando em inimigo oculto do fascismo europeu contemporâneo.”

Quilombo

O Território Kitutu de Aquilombamento, local do lançamento do livro, representa muito para o escritor. Quilombos são espaços de resistência afrodescendente.

“Fica em uma região da cidade muito movimentada, onde cresci, passei minha infância e adolescência. O local diz muito para mim, no sentido da população negra da cidade que o frequenta, que sempre esteve passando por ali para ir às regiões mais periféricas”, afirma o poeta.

“MARSELHESA PARA SANGUES IMPUROS”

Lançamento do livro de poesia de Leo Gonçalves. Nesta sexta-feira (12/9), às 19h, no Território Kitutu de Aquilombamento (Rua Aarão Reis, 496, Centro). Entrada franca.


* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

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