Flávio Dino: 'No golpe de 64 tinha menos provas documentais que agora'
Cármen Lúcia apontou que o hábito de mostrar o que se está fazendo fez com que os réus deixassem rastros de provas
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Siga noO ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino ressaltou, em meio ao voto da ministra Cármen Lúcia no julgamento por tentativa de golpe de Estado, que há mais provas documentais da empreitada do que no golpe cívico-militar de 1964, que levou a um regime que durou 21 anos.
"No golpe de 64 tinha menos prova documental do que nessa tentativa. Nesta tentativa só faltou a ata, lavrar a ata: 'Aos tantos dias...'. As provas documentais (em 64) só emergiram com a abertura dos arquivos do governo dos Estados Unidos", afirmou Dino.
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O costume em registrar, mesmo que coisas cotidianas, produziu fartas provas da tentativa, segundo a ministra. A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou cerca de 70 terabytes de documentos sobre os planos.
"Estamos em uma sociedade em que as pessoas querem tanto se mostrar, mais do que ser, que elas querem mostrar que elas participaram, que fazem, que dão golpe e vão deixando rastros. Elas fazem maquete do projeto, desenham, mostram e fotografam, como se fotografa a comida do dia a dia", disse Cármen Lúcia.
O aparte do ministro foi feito enquanto a ministra mencionava a Operação 142, projeto que entende que o artigo 142 da Constituição Federal prevê que as Forças Armadas podem intervir na democracia brasileira.
"A operação que é menos citada é a Operação 142 que era difundir que as Forças Armadas tinham a tutela do Brasil, que o Brasil seria uma democracia tutelada", recordou, mencionando que em 1964 o golpe também partiu de um entendimento singular de um dispositivo legal.
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A ministra alegou que a decisão do general Freire Gomes e do comandante Baptista Junior em não colocarem suas tropas a disposição do plano de golpe de Estado foi fundamental para o insucesso do plano.