Boom da corrida: como evitar lesões no esporte
É preciso ter atenção especial à progressão dos treinos, à escolha do tênis e ao fortalecimento muscular
compartilhe
Siga noA corrida ganhou hype nas redes sociais e conquistou espaço entre as atividades físicas mais populares da atualidade. Seja em desafios no TikTok, grupos de corrida ao ar livre ou relógios que monitoram quilômetros percorridos, cada vez mais pessoas aderem ao esporte em busca de saúde, bem-estar e superação pessoal. O fenômeno é puxado, em grande parte, pela geração Z, especialmente mulheres jovens, que transformaram a prática em um movimento coletivo de socialização e pertencimento.
Um levantamento da Great Run Company mostrou que o número de corredores aumentou 39% em 2024 em comparação ao ano anterior. Mais da metade dos participantes eram iniciantes. Já o relatório anual do Strava mostrou um crescimento de 59% na participação em clubes de corrida em todo o mundo, revelando também que 58% dos participantes fizeram novos amigos a partir da prática.
Leia Mais
Porém, ao mesmo tempo em que cresce o entusiasmo, aumenta também a preocupação com as lesões ligadas ao impacto repetitivo. Ortopedista da Hapvida, Thiago Brustolini destaca que, entre as queixas mais frequentes, estão tendinites, canelite, fascite plantar e lesões nos joelhos. Ele lembra que a corrida, apesar de simples e democrática, exige preparo.
“As chamadas lesões por sobrecarga são as mais comuns, porque a cada passada o joelho suporta até três vezes o peso corporal. Se há aumento brusco da carga de treino, falta de fortalecimento ou uso de calçado inadequado, o risco cresce consideravelmente”, explica.
Canelite: o vilão silencioso das pernas
Entre as dores mais comuns e temidas pelos corredores está a canelite, também conhecida como síndrome do estresse tibial medial. O problema é resultado de uma inflamação na região da canela, causada pelo excesso de impacto, especialmente em quem aumenta a intensidade ou a quilometragem sem preparo adequado.
Os primeiros sinais são dor difusa na parte interna da perna, que piora durante a corrida e pode persistir após os treinos. Thiago alerta que, quando negligenciada, a canelite pode evoluir para fraturas por estresse, exigindo afastamento da prática esportiva por semanas ou até meses.
A prevenção passa por três pilares: progressão gradual dos treinos, fortalecimento muscular e escolha correta do calçado. “Trabalhar músculos como panturrilhas, quadríceps e glúteos é essencial para absorver parte do impacto. Além disso, o descanso deve ser encarado como parte do treino: é no repouso que o músculo se fortalece”, orienta o médico.
O papel do tênis na proteção do corredor
A escolha do tênis é outro ponto determinante para reduzir riscos. Mais do que estética ou marca, o calçado precisa estar adequado ao tipo de pisada, ao peso corporal e até ao terreno onde a corrida será praticada. Corredores iniciantes, por exemplo, devem priorizar modelos com bom amortecimento, que oferecem maior proteção contra impactos. Já atletas mais experientes, em busca de performance, podem optar por tênis mais leves e responsivos.
O tênis, de acordo com o ortopedista, não deve ser visto como uma solução mágica. “O calçado não cura lesões, mas, quando escolhido corretamente, reduz significativamente o risco de sobrecarga e prolonga a vida esportiva do corredor”, reforça Thiago.
Iniciantes
Quem está começando na corrida deve ter como lema a paciência. O especialista recomenda alternar corrida com caminhada nas primeiras semanas, aumentar a quilometragem de forma gradual e incluir alongamentos leves após os treinos.
Uma regra prática pode ajudar: não aumentar mais de 10% por semana no volume ou intensidade dos treinos. Além disso, uma avaliação médica prévia é fundamental para identificar fatores de risco individuais, como desalinhamentos posturais, histórico de lesões ou fraquezas musculares que possam predispor a problemas.
Práticas complementares
O treino de corrida deve ser acompanhado por práticas complementares. Fortalecimento muscular, pilates, natação, bicicleta e fisioterapia preventiva são aliados para manter a saúde articular e muscular. Essas atividades ajudam a diversificar o estímulo físico e, com isso, preservam as articulações do impacto repetitivo da corrida.
Por outro lado, dores persistentes, inchaços, estalos, sensação de instabilidade ou perda de desempenho são sinais de alerta que exigem atenção. Thiago lembra que adiar a busca por ajuda médica pode transformar uma inflamação simples em uma lesão grave, como ruptura ligamentar ou fratura por estresse.
“O diagnóstico precoce é sempre o melhor caminho, porque permite interromper o ciclo de dor e retomar os treinos de forma segura”, aponta o ortopedista.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia