editorial

Alerta constante para a preservação do cerrado

Depois de um 2024 sufocante, as queimadas arrefeceram neste ano, há de se ressaltar. Mas a situação definitivamente não é de tranquilidade

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Fala-se que o cerrado é uma espécie de caixa d’água do Brasil e do resto da América Latina. Nada mais ilustrativo para evidenciar a importância do bioma onde estão nascentes fundamentais da região, como as dos rios São Francisco, Paraná e Paraguai. De tão estruturante, tem dia específico, celebrado nesta quinta-feira. Justamente quando as atenções costumam estar voltadas para a combinação de clima seco, baixa umidade e irresponsabilidade humana que o ameaça, causando incêndios devastadores.


Depois de um 2024 sufocante, as queimadas arrefeceram neste ano, há de se ressaltar. Mas a situação definitivamente não é de tranquilidade. Só nesta terça-feira, o incêndio que atingiu a Floresta Nacional de Brasília (Flona) queimou 220 hectares, quase 6% da área da unidade de conservação. No último domingo, os esforços se concentraram contra incêndios em 546 hectares de vegetação, indica o Corpo de Bombeiros do DF. Juntas, as áreas atingidas equivalem a cerca de 820 campos de futebol em chamas.


A destruição do bioma repete-se em outras unidades da Federação, como na Chapada dos Veadeiros, em Goiás; na comunidade Quilombola Grotão, em Tocantins; na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso; e no Parque Estadual da Lapa Grande, em Minas Gerais. Ainda assim, autoridades trabalham com um cenário menos crítico que o da temporada anterior.


Ontem, a ministra do Meio Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que houve uma “queda significativa” no desmatamento do cerrado, considerando o cenário deste ano e o de 2024. O incêndio é um dos principais desencadeadores desse tipo de degradação ambiental. No caso do cerrado, a condição “estava fora de controle”, enfatizou a chefe da pasta, sem revelar os novos números.


Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), agosto terminou com uma marca histórica: a maior queda em incêndios florestais desde 1988, quando o monitoramento começou a ser realizado. O destaque foi a redução no Pantanal, de 98%, em relação à média dos últimos oito anos. No cerrado foi de 42,4%. Maior destinação de recursos, contratação de brigadistas por períodos mais extensos e a implementação da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo estão entre as razões indicadas por especialistas para a reversão expressiva.


Isabel Schmidt, professora do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB), alerta, porém, que “não há motivo para baixar a guarda”. A também pesquisadora da Rede Biota Cerrado enfatiza a necessidade de se construir um arcabouço legal para que a política de manejo implementada em 31 de julho de 2024 tenha efeito disseminado. “Cada estado e município precisa regulamentar como o fogo pode ser usado, quem pode queimar, quais são os processos autorizativos”, ilustrou. O prazo para se adequar às regras é março de 2027.


Mesmo com os avanços locais, é imprescindível que sejam estabelecidas e aprimoradas articulações entre os entes federativos para facilitar a promoção de ações conjuntas de enfrentamento aos incêndios e proteção do cerrado. Trata-se de um desafio nacional. Aquele domingo de agosto em que moradores do Centro-Oeste e do Sudeste amanheceram sufocados por uma névoa densa refuta qualquer entendimento contrário. O céu coberto por fumaça em Brasília, Ribeirão Preto (SP), Uberlândia (MG) e Goiânia, entre outras cidades, em 2024, é prova contundente de que a preservação ambiental exige soluções imediatas e integrativas.

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