Morre Hitler Fouad Curi, ex-delegado que deixou legado nas artes marciais
Hitler Fouad Curi, delegado aposentado, campeão de Jiu-Jitsu, boxe e peteca, referência em Minas será sepultado no cemitério do Bonfim
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Siga noBelo Horizonte se despede do ex-delegado aposentado Hitler Fouad Curi, que morreu aos 88 anos, nessa quarta-feira (10/9). Hitler era referência na Polícia Civil e no Jiu-Jitsu mineiro. Nos últimos dias, ele esteve cercado pelo carinho da família, que acompanhou de perto cada momento. A cerimônia contará com a presença de familiares, netos, amigos, colegas da Polícia Civil, ex-alunos e companheiros de Jiu-Jitsu, atletas de clubes de Minas Gerais, autoridades e representantes de clubes esportivos.
Nascido em 1937 na capital mineira, Dr. Hitler recebeu esse nome em homenagem ao então chanceler alemão, ainda admirado nos anos 30. Desde a infância, conviveu com o estigma de seu nome, mas nunca optou por alterá-lo.
Vida e carreira
Sua trajetória de vida foi marcada por desafios e conquistas. Antes de ingressar na Polícia Civil, trabalhou como carregador de malas, segurança, representante farmacêutico, faxineiro de academia, soldado do Exército, lutador e atleta de circo. Tornou-se investigador em 1964, perito criminal em 1970 e delegado de polícia em 1977, atuando inicialmente em Caratinga e depois em Belo Horizonte, passando pela Delegacia de Acidente de Veículos e de Sequestro.
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Também coordenou esportes na Acadepol, foi chefe no Detran-MG e na Criminalística. Entre seus casos mais emblemáticos está a resolução do sequestro de um ex-vice-presidente da Volkswagen na década de 1980.
Além da carreira policial, Dr. Hitler foi um atleta renomado. Campeão mineiro de boxe (1958) e de luta livre (1960), brilhou no judô (faixa vermelha, 4º DAN) e no Jiu-Jitsu, sendo considerado referência em Minas Gerais (faixa vermelha). Destacou-se ainda na peteca, vencendo campeonatos estaduais e a Copa Itaú de Peteca.
Até os últimos anos, manteve uma rotina ativa, praticando futebol de salão, natação e música, tocando gaita e cantando o cancioneiro popular brasileiro. Em 2013, publicou o livro infantil “Histórias que o vovô Bolão contava”, cuja renda é destinada a instituições que atendem pacientes com câncer.
Andrea Curi, filha do ex-delegado, relembra com emoção: “Deixei meu pai aproveitar cada dia: café, sol, ginástica, conversa com alunos… Ele viveu até o fim com a mente intacta e o coração cheio de amor. Foi alegre de manhã até a noite, intenso, apaixonado por viver e sempre transmitindo ensinamentos.”
Dr. Hitler manteve o contato com seus quatro filhos e com os netos, recebendo visitas de ex-alunos, colegas de Jiu-Jitsu e da Polícia Civil, mesmo nos últimos dias de saúde debilitada. Andrea destacou a alegria e disciplina do pai até os 88 anos, lembrando sua rotina de exercícios, contato com a natureza, esportes e dedicação aos projetos sociais e esportivos que coordenava.
Dr. Hitler superou desafios pessoais, incluindo o peso do próprio nome e a dificuldade de acesso à educação, até concluir a faculdade de Direito e se tornar delegado geral. Sua vida foi marcada por rigor, disciplina, honestidade e, ao mesmo tempo, generosidade e alegria contagiante. Andrea recorda que ele era rígido, mas doce; honesto, mas acolhedor; conseguia inspirar respeito e amor ao mesmo tempo. Ela conta que a saudade que sentem é tão grande quanto o orgulho por tudo que ele construiu.
Nas redes sociais, amigos e colegas lamentaram a perda e celebraram a vida do ex-delegado, lembrando sua dedicação à segurança pública, à formação de policiais e à divulgação das artes marciais em Minas Gerais.
A Coordenação de Apoio Polícial (PUMA) também se solidarizou, destacando sua importância na formação profissional e humana de gerações de policiais e sua influência no Jiu-Jitsu mineiro. Dr Hitler Fouad Curi deixa um legado de coragem, disciplina e dedicação, tanto na Polícia Civil quanto no esporte, sendo lembrado com respeito e carinho por todos que tiveram contato com sua trajetória.
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Velório e sepultamento:
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Velório: 11 de setembro de 2025, às 13h
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Local: Cemitério do Bonfim – Rua Bonfim, 1120, Bonfim, Belo Horizonte – MG
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Sepultamento: 16h
* Estagiária sob supervisão da subeditora Juliana Lima