Servidores protestam contra retirada de guardas em unidades de saúde em BH
Médicos e servidores da prefeitura da capital realizam paralisação de 12 horas contra falta de segurança e déficit na Saúde na Avenida Afonso Pena
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Siga noTrabalhadores da saúde pública de Belo Horizonte realizam nesta quinta-feira (11/9) um ato público em frente à sede da administração municipal, na Avenida Afonso Pena, no Centro da capital. A manifestação é contra a possível retirada da Guarda Municipal das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e o déficit financeiro que, segundo as entidades, vem provocando demissões e falta de insumos.
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O ato foi convocado pelo Conselho Municipal de Saúde, pelos sindicatos Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Belo Horizonte (Sindibel) e Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG). Durante o ato, houve paralisação de 12 horas dos atendimentos eletivos nas unidades de saúde.
O presidente do Sinmed-MG, André Christiano Santos, afirmou que a retirada da Guarda compromete não apenas a segurança dos profissionais, mas também a dos pacientes. “A presença da Guarda não é apenas para proteger os profissionais, mas todos os usuários, em locais de grande movimento e que são ‘caldeirões de pólvora’ devido às condições de trabalho e à fragilidade das pessoas”, disse.
Relatos de violência
O economista e coordenador da Câmara Técnica de Orçamento e Financiamento do CMS-BH, Flávio Moreno, destacou casos recentes de agressão a profissionais de saúde, reforçando a necessidade de manutenção da Guarda Municipal.
“Antes de ontem, no Centro de Saúde MG 20, no Bairro Monte Azul, um médico foi agredido. Ele saiu, fez boletim de ocorrência e mais dois médicos pediram transferência por insegurança. O posto que tinha quatro médicos ficou com apenas um”.
Ele acrescentou que “ano passado tivemos mais de 400 casos de violência; este ano já passam de 300, e isso reflete atrasos no atendimento e tensões com pacientes que aguardam procedimentos eletivos por meses”.
Moreno também criticou a forma como a prefeitura tem lidado com o déficit financeiro: “O secretário de saúde comunicou um déficit de R$ 480 milhões. A solução mais fácil, segundo ele, é por demissões: apenas na Secretaria Municipal foram 170 pessoas desligadas na Afonso Pena, e outras 330 saíram das regionais. Mesmo sem admitir, na prática estão retirando trabalhadores da assistência”.
Reivindicações
O objetivo do ato, segundo os organizadores, foi sensibilizar a administração pública quanto à necessidade de abrir o debate, de forma transparente e participativa, com a população e os setores envolvidos, em busca de soluções que não impliquem demissões nem comprometam a segurança pública nos equipamentos de saúde da cidade.
O CMS-BH destacou que a manifestação foi expressão do controle social, da participação popular e da defesa do Sistema Único de Saúde (SUS-BH).
Principais reivindicações do movimento
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Manutenção da presença da Guarda Municipal nas UBSs para garantir segurança a profissionais e usuários.
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Evitar demissões e cortes de serviços provocados pelo déficit financeiro relatado pela prefeitura.
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Abrir um debate transparente e participativo sobre os rumos da saúde pública em Belo Horizonte.
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Garantir melhores condições de trabalho e assistência à população, com reposição de insumos e dimensionamento adequado das equipes.
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Defender o SUS e os direitos constitucionais, como saúde, educação e previdência.
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Fortalecer o serviço público e as carreiras, com concursos, salários dignos, estabilidade e valorização profissional.
Guarda Municipal em BH
A paralisação vem em meio à proposta da Prefeitura de Belo Horizonte de retirada gradual da Guarda Municipal das UBSs, mantendo os agentes apenas nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). O prefeito Álvaro Damião (União Brasil) anunciou um projeto de segurança comunitária, que prevê a participação de moradores na observação do entorno das unidades de saúde, como forma de prevenir conflitos e complementar o trabalho da Guarda.
A proposta inclui:
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Rondas externas dos guardas nas proximidades das unidades.
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Mediadores comunitários dentro dos postos para orientar pacientes e reduzir tensões.
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Atuação focada na segurança, enquanto enfermeiros, médicos e mediadores cuidam da mediação de conflitos comuns.
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Flexibilidade e remanejamento de guardas para outras áreas estratégicas quando não forem necessários nos postos.
Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, de janeiro a junho de 2025, foram registrados 603 episódios de violência nas unidades de saúde, incluindo 66 casos de agressão física.
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O que diz a Prefeitura de BH?
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que atua continuamente no fortalecimento das equipes e já nomeou 3.834 profissionais aprovados no concurso do Edital 01/2020. Em relação às estruturas, 56 centros de saúde foram totalmente reconstruídos por meio de Parceria Público-Privada (PPP) e entregues à população, e reformas e manutenções também foram realizadas em unidades que não fazem parte do contrato de reconstrução via P
*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice